segunda-feira, 24 de junho de 2013

Peça de teatro - produzida pela aluna Vitória



Toda forma de amor amar

No dia 23 de janeiro, Clara chega ao seu novo colégio.
 - Bom, meu nome é Clara, sou novata aqui. Sei lá, nunca fui de ter muitos amigos. Acho que os verdadeiros amigos são poucos.
   Uma menina senta ao meu lado e diz:
- Olá, qual é seu nome?
- Clara, e o seu?
- Bia, tudo bom?
- Estou bem sim.
- Quantos anos você tem?
- 14 e você?
-15 anos, de que escola você veio?
- Nova Era.
- Quase ninguém gosta de mim aqui.
- Por quê?
- Porque achei que podia dar um voto de confiança pra pessoas, mas elas saíram espalhando os meus segredos.
(Junta uma turma de garotos ao redor das meninas e começam a xingá-las)
- Vai, sapatona!
  Clara fica espantada com a atitude dos colegas.
- Nossa você é lésbica?
- Sou sim, por quê?
- Não. Nada
 Risos
- Bom, o papo está bom, mas eu tenho que ir.
- Ok.
  Ao final das aulas, Clara vai para casa. Os pais não estavam, pois tiveram que ir ao mercado, porém, haviam deixado um amigo da família que se dizia de confiança para cuidar dela. Ele tinha 20 anos e é um nojento escroto.
- Me deixa passar a mão em você?
-Não.
Enquanto isso, ele manipulava-a com coisas que ela gostava.
- Bom, se você não fizer o que eu quero, vou matar sua mãe na frente do seu pai.
Clara cospe na cara dele. Ele limpa o rosto, abusa dela à força e surra-a. Ele deixa avisado:
- Se você contar! Eu mato a sua mãe.
Ele vira as costas e vai embora.
Os pais dela chegam e perguntam:
- O que foi isso no seu rosto?
- Eu cai.
- Caiu como?
- Escorreguei e bati o rosto na maçaneta
- Tome mais cuidado da próxima vez.
- Vou dormir.
  Ela se tranca no quarto e chora. No dia seguinte a amiga dela pergunta:
- O que foi isso no seu rosto?
- No lugar mais reservado eu te conto.
- O amigo da minha mãe tentou abusar de mim e viu que não conseguiria, então ameaçou minha mãe de morte se eu contasse.
- Nossa, amiga! Isso é grave.
- Sim, mas não conta pra ninguém.
  Os dias se passaram Clara ficou traumatizada não conseguindo se relacionar com ninguém. Começou a perceber que as pessoas homossexuais não nascem gays. Isso se percebe no comportamento de quando é criança, por exemplo, nunca gostou de bonecas, rosa, e etc. Sempre de carrinho, pega-pega. Seus sentimentos foram amadurecendo e começou a perceber que era diferente das outras meninas. A sociedade acha que o gay em geral é um doente, ou um distúrbio psicológico, dizendo que existe cura para isso, mas isso é um absurdo. Clara acredito que as pessoas têm uma livre expressão para achar fazer o que quiserem, como bem entenderem.
  Passaram-se os dias. Bia estava chorando no banheiro.
- O que foi?
- Eles não deixam minha vida em paz. Odeio-os
- Simplesmente acho que preconceito, é tolice.
- Hei, nina para de chorar. Você vale mais do que simples palavras.
Elas se abraçam.
- Cadê o amigo da sua mãe?
- Ah! Ele nunca mais apareceu por lá
- Mas você acha que deve contar agora?
- Acho que não. E se ele voltar? Tem coisas que a gente tem que relevar.
- Na verdade acho que meu pensamento quanto a isso mudou. Não que eu tenha um preconceito, mas percebi que nossa vida é muito frágil para perder.
No dia seguinte não parava de pensar nela. Toda boba teve a ideia:
- Vou pedi-la em namoro. Não.  Deixa quieto, né?
Quando ela chega e diz:
- Quer namorar comigo?
- Quero.
-  Hoje não tem a ultima aula vamos marcar de sair?
- Sim, vamos.
  Indo para escola um grupo de Skinhead passa do lado dela e dizem:
- Essas porras são lésbicas.
Eles batem nelas. Um rapaz da rua leva-as para o hospital. No dia seguinte, foi para casa toda machucada. A mãe pergunta:
- O que aconteceu?
- Eles pensaram que eu e minha amiga somos lésbicas. Eles são Skinhead.
- Filhos da puta!
O pai chega e diz:
- Minha filha, o que aconteceu?
- Um grupo de Skinhead me agrediu por achar que eu e minha amiga somos lésbicas
O pai olha bravo e diz:
- Tu não és, né?
Ela fala baixinho:
- Não
Ela entra no quarto e liga para Bia.
- Como você está?
- Depois da surra, estou bem.
- Você é assumida?
- Sou, sim.
- E seus pais aceitaram numa boa?
- Olha, acho que nem uma mãe gosta, né? Eles querem ver nós tendo filho. A verdade é essa
- Hum. Por quê?
-  É porque meu pai tem esses negócio de homofobia e não vou esconder isso por muito tempo
- É complicado, nem todos os pais são iguais.
Depois de uns dias, ela chega em casa com a amiga:
- Mãe, essa aqui é minha namorada.
Na hora o pai altera a voz:
- Você está louca? Eu não ensinei isso pra você. Agora você vai aprender a virar mulher de verdade.
O pai joga-a no chão, tira o cinto e surra-a.
- Você vai embora da minha casa.
A mãe tenta impedir e não consegue.
- Cala a sua boca! Não criamos bicho dentro de casa, ela tem que ir embora.
Seu pai joga suas roupas pela janela e fala:
- Eu criei mulher, não sapatão.
Ela desesperada liga para Bia com voz de choro:
- Meu pai, me jogou pra fora de casa.
- Nossa! Você quer vim morar comigo?
- Quero não.
- Por quê?
- Não quero te incomodar.
- Mas não vai porque eu te amo.
- Também te amo.
Elas moram juntas um tempo e conquistam sua casa. Quando uma diz:
- Quer casar comigo?
- Quero.
Um dia a mãe liga pra ela e diz:
- Filha, preciso falar com você. Mamãe te ama.
O pai dela aparece e diz:
- Você está falando com aquela monstra?
De fundo só se ouve chutes e tapas.
Clara começa a gritar:
- Que foi?
O pai bateu na mãe. Elas acionam a policia.
O pai dela foi preso dizendo:
- Matei mesmo.
 Tempos depois elas se casam. Na faculdade elas veem um monte de roqueiros, negros, sharps e gays.
Como dizia Bob Marley: Enquanto os brilhos dos olhos valer mais que a cor da pele sempre haverá guerra.

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